sábado, dezembro 23, 2006

O Amor é uma flor roxa que nasce no coração do trouxa?


(c) Dietrich Madsen

Minha consciência só não é mais intranqüila porque sempre encontro nobres comparsas que participam, como eu, do criminoso ato de pensar o Amor. Elaboramos teorias, opiniões e julgamentos, e não são poucos os que acham que o compreenderam científicamente, psicologicamente ou filosoficamente, (hormônios, arquétipos ou idéias) e que desfrutam de um brevíssimo momento de segurança conceitual.

Eu mesmo vivo tentando negá-lo, justificando-o pelas minhas mazelas de criação em seio familiar tempestuoso, imaturo e egoísta, mas a própria negativa já presume uma crença a priori. Creio que muita vezes o desmistifico para torná-lo menos assustador... Assim, só me resta assumir a covardia frente ao Amor, e de que ainda não tenho meios (maduros) para experenciá-lo com todo o meu ser.

A alma de poeta, pois, reluta dentro de mim como um alienígena, arrebatando-me por vezes em momentos inapropriados ou com pessoas fora das nossas relações culturais (ou árvores, ou o céu, ou o aroma de café), fazendo de mim um liquidificador de sentimentos temperados com cacos de teorias. Faz-me vivo, enfim... Mas por quanto tempo...?

"Pois nasci nunca vi amor
E ouço del sempre falar.
Pero sei que me quer matar
Mais rogarei a mia senhor
Que me mostr' aquel matador
Ou que m'ampare del melhor. "

Nuno Fernandes Torneol (séc XIII)

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2 Comments:

At 10:18 PM, Blogger Ela said...

O amor que sempre persegue-nos, qdo queremos encontra-lo, fugir dele, ou apenas observá-lo...
Um bjo pro poeta...

 
At 1:16 AM, Anonymous Anônimo said...

Não fosse eu bisbilhotar meus próprios comentários antigos, não teria te visto. Confesso pra você: eu também lálio, mas só quando ninguém está vendo!
Um abraço!

 

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