quinta-feira, dezembro 11, 2008

Suaves prestações

Uma vez
tu me perdeste,
à vista.
Por que EU
fui embora...

Agora vês...
Voltei pra ti,
Mas tu te omites...
e me perdes
aos pouquinhos,
em suaves prestações...

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segunda-feira, dezembro 08, 2008

Uma segunda quase normal


(C) Gettyimages.com


Naquela segunda-feira ele acordou como de costume: o rádio relógio tocando nas alturas e ele se levantando depois de 3 tentativas de adiar 10 minutos apertando o botão "soneca"(ou seja, trinta minutos atrasado). Com o susto pulou da cama, lavou o rosto, fez seu pipi matinal e correu para o banho rápido. Vestiu a roupa que só usou na noite anterior numa saída rápida, sem deixar de dar uma cheirada rápida na região axilar da camiseta, naturalmente. Catou uma banana, leite na geladeira, uma maçã, a aveia em pó e bateu tudo com um pouquinho do açúcar damodara já petrificando no vidrinho. "Uma vitamina rápida para que está com pressa", pensou. Deu o remédio das cachorras, tomou o seu, escovou os dentes e tirou o carro da garagem. Comprimentou o vizinho, aguou rapidamente as plantinhas que murcharam pela falta da secretária na sexta e o seu descaso por conta do final de semana depressivo, e seguiu rumo ao trabalho.

Dirigia sem muita pressa. Ligou o som do carro, selecionou um mp3 que combinasse com aquele sol, as vaquinhas e as garças pastando na lagoa. Parecia tudo de acordo, não fosse uma sensação estranha de que havia esquecido algo. Olhou para o lado e viu seu caderninho azul que utilizava como agenda. Checou os bolsos: carteira e celular estavam com ele. "O que esqueci, meu Zeus?", perguntava-se ao longo da imensa curva da lagoa. Mas não conseguia lembrar-se.

Não muito adiante estava uma viatura da polícia parada. O guardinha sinalizava para que encostasse. "Saco... Mais 5 minutos de atraso", pensou. Encostou o carro já pegando a carteira e o documento do carro. O guarda sorriu por baixo de um bigode sargentino dando-lhe um "bom dia, cidadão. Documento e habilitação." Percebeu a riminha tola do policial mas não perdeu tempo em saber se era proposital ou uma poesia incidental de um policial com cara de mau e se achando o tal. Tudo parecia na mais tanquila normalidade que uma segunda feira poderia oferecer aos seus sobreviventes, até o momento que viu sua foto da habilitação segundos antes do guarda recolhê-la...

Foi um grande choque. A sensação não era à tôa. Imediatamente deu-se conta do que havia esquecido: ...de si mesmo! Não se reconheceu na foto. Não fazia idéia de quem era aquele sujeito no 3x4 com um sorriso semi-enigmático.

Enquanto o guarda conferia a placa, pegou os seus outros documentos na carteira, mas não se reconhecia em nenhum deles. Começou a entrar em pânico. Abriu o caderninho azul e a cada página virada não reconhecia a si mesmo como protagonista daquelas atividades e compromissos. Os planos não eram seus. A vida não era sua. E naquele momento não sabia mais quem era e o que faria da sua vida.

O guarda voltou e restituiu-lhe os documentos dando-lhe bom dia. Mas o sujeito não conseguia dar a partida. Ficou olhando para o guarda, com os olhos vidrados. Pediu licença, dizendo que não se sentia bem e precisava dar uma caminhada. Andou, andou e andou. E ninguém nunca mais o viu.


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domingo, dezembro 07, 2008

Espera com fome

Sumi, sim... Pra viver tanta coisa nesses últimos 5 meses que não caberiam em 5 anos...
Fato é que estou caminhando. Falta só um mês para eu deixar definitivamente Fortaleza e seguir a história que o universo escreveu pra mim. O amor da vida, uma cidade linda e uma hora filhos...




Falta só um mês.
Mas ela não está aqui comigo.
E eu preciso de poesia.

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