segunda-feira, julho 07, 2008

Kite Surf, Aikido e uma metáfora existencial


fotos: Marcelo Vieira

Kitesurf também é uma boa metáfora para a vida. Primeiro você aprende a ficar em pé. O controle da pipa é o primeiro passo. No começo os braços ficam rígidos e cansam. Até que você aprende que não é força e sim só jeito, e o esforço então passa a ser mínimo. (Assim também é quando fazemos os suburis - treinos com espada no aikido).

A pipa, nossa personalidade, deve permanecer sempre alinhada com a barra de direção (nossa consciência). No começo tendemos a segurar mais na borda - o que gera um movimento maior e mais brusco. E tentamos domesticar a pipa com movimento mais solavancados o que para nosso desespero pode nos levar ao chão. (Por sorte não comi areia). Mas com o tempo, aprendemos que o controle da pipa (da personalidade) se dá por mantê-la sempre ligada à barra, com movimentos sutis e ritmados mantendo sempre a conexão (o "mussubi" como é chamado no aikido). Aliás não são poucas as semelhanças com o aikido. Diga-se de passagem que o ponto de conexão com as linhas da pipa se dá justamente na região denominada "Tanden" . E para a metáfora com a vida não poderia ser melhor: nosso umbigo e o cordão umbilical - e para falarmos em termos metafísicos também: nossa ligação com o corpo astral flutuante.

Com essa prática do controle da pipa, seguimos adiante.



Hoje (domingo) fiz minha terceira aula, cujo teor foi o de entrar e sair do mar com a pipa. Fazer o "body drag" como o instrutor ensinou. Segundo ele, o meu já está ótimo e na próxima aula já vou aprender a fazer o "oito" (uma manobra de pressurização da pipa e ganho instantâneo de força e velocidade). O oito, a propósito, para uma metáfora existencial, é o símbolo do infinito em diversas culturas, tal qual o "anel de Moebius".

Além de tudo isso tem ainda outros detalhes: a pipa que recebe o "sopro da vida" (enchida de ar com uma bombinha); o fato dela se assemelhar a uma lagarta quando enrolada e a uma borboleta quando aberta; a forma de enrolar as linhas em formato de oito, tal qual as duplahélices do DNA; etc, etc. Prometo no final do curso, quando eu tiver velejando propriamente, descrever essa metáfora existencial com pormenores...! Por enquanto sou apenas um aprendiz...

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