segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Dor e fuga

Vós mortais
que sois feitos de carne e sangue
de prazer e de deleite
de dor e de mágoa
vós que carregais nas mãos
a fome
não sabeis que a sensibilidade e a razão
são para poucos
e aqueles que as têm
ou pelo menos as vislumbram
esses são incompreendidos
e vagam sem sentido

E o sentido está gravado em tudo
como uma linha dourada invisível
que é colocada no tear da vida
Vós olhareis
e voltareis
se tiverdes os olhos;
Se não tiverdes
usareis vossas mãos
trêmulas e famintas
para o encontrar
no plano sensorial

Vós mortais
tendes a benção do esquecimento
sem negar o vosso passado
antigo ou recente

Podereis embriagar-vos de vinho e de ambrosia
mas não tendes o direito de esquecer
para aqueles que amam
o esquecimento pode ser uma dádiva
ou apenas uma coberta fria
como o mármore de um necrotério

Se não saberdes onde buscar essa força
Retirai-vos ou guardai-vos.

Se vos guardardes
sabeis que em algum momento
toda o afã da existência será tão forte
que não conseguireis segurá-lo dentro de vós
de forma que doerá inclusive vossos ossos
até que consigais abrir-vos novamente

Se escolherdes a fuga
sabeis que a dor
pode não ser forte inicialmente
mas depois será amarga
até a eternidade

.

2 Comments:

At 9:45 AM, Blogger Talita Confusão! said...

Io capisco.
paz e flores.

 
At 5:35 AM, Blogger Sr. Eulálio said...

Paz e flores... existem poucas coisas melhores que isso. Obrigado pela visita, adorável Talita. Beijo.

 

Postar um comentário

<< Home